Sobre plágio e utilização indevida
Plágio é crime, punido com dois a quatro anos de prisão. O orientador que for leniente ou conivente enquadra-se na mesma lei. Logo, é natural que haja uma forte pressão sobre os orientandos com relação a essa questão.
Como tenho a sensação de não ser bem compreendida, seguem novamente recomendações sobre o texto acadêmico.
- O texto acadêmico não é seu. O papel do pesquisador é fazer um relatório sobre a pesquisa - no caso da monografia - uma pesquisa teórica, portanto, baseada em textos alheios. Este relatório será o artigo, a monografia, a dissertação ou a tese redigida através de texto próprio ou texto de outros, mas sempre a partir de um conhecimento prévio de outrem, objeto da sua pesquisa.
- A fonte da pesquisa - autor, texto, editora, data da publicação e página - deve estar sempre devidamente identificada por nota de rodapé, depois da citação, seja ela direta ou indireta. Se não houver tal identificação, o trabalho é considerado plágio (utilização indevida), pois houve a utilização de uma idéia pesquisada anteriormente por outra pessoa.
- Como os alunos de graduação, em cursos como publicidade, jornalismo, letras, entre outros, não tem condições físicas, materiais, financeiras ou acadêmicas, de fazer pesquisa empírica, em que a pesquisa sobre o objeto é feita diretamente, em campo, a pesquisa realizada é sempre uma pesquisa teórica, na qual são consultadas teorias formuladas por autores que, por sua vez, realizaram pesquisas teóricas ou empíricas, e que são considerados qualificados academicamente.
- Logo, tudo o que você escreve na sua monografia é de segunda mão (ou terceira ou quarta ou quinta) e você não pode apropriar-se da idéia como se fora sua, sem denunciar de onde saiu aquilo. Isso serve não apenas para mostrar a qualidade científico-acadêmica do seu trabalho, mas para apontar a verdadeira autoria daquele conhecimento. Assim, é natural que cada lauda apresente, no mínimo uma, e muitas vezes várias notas de rodapé com a referência bibliográfica de onde aquela conhecimento ou aquele texto foi extraído.
- Em um dos textos que escrevi e deixei à disposição neste blog, logo no início do semestre, inicia-se com "Nada, nada do que você escreve pode vir da sua cabeça". Pois bem, reitero esse comentário com toda a veemência.
- O papel do pesquisador ao redigir uma monografia é fazer a "costura" ou o encadeamento entre os vários assuntos que pesquisou. Não é tirar conceitos de sua cabeça e escrever sobre eles, por mais que você pense que a origem deles seja seu próprio cérebro. Mesmo porque, se a origem for seu próprio cérebro, não vale academicamente, a menos que você seja um autor acadêmico-científico, com obras publicadas previamente em congressos como Intercom, Compós, entre outros. De qualquer forma, se assim fosse, você teria também que denunciar a si mesmo como fonte referencial em nota de rodapé. Como nos últimos 10 anos, só houve um caso de orientando meu citar a si mesmo, ou melhor, a si mesma, não creio que este seja o caso da maioria dos meus orientandos. A orientanda em questão, Sara Martins, por compreender inteiramente os parâmetros acadêmicos, além de de pedir minha autorização para citar um trabalho anterior, realizou uma monografia brilhante, tanto sob o ponto de vista conceitual, como formal. O trabalho dela é o primeiro dos dois links abaixo. O outro é da aluna Débora Bastos, cujo trabalho também foi elogiadíssimo pela banca.
https://docs.google.com/open?id=0B5lLUavk70mpZXN2RXVQYUwwSFU
https://docs.google.com/open?id=0B5lLUavk70mpMDFWckIzTy1iWEk
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