domingo, 5 de fevereiro de 2012

Origem e função primeira da universidade.

A universidade tem sua origem nos mosteiros da Idade Média, quando os religiosos, pessoas notatamente mais estudiosas e em geral mais cultas que a população em geral, passaram a pesquisar e resgataram o modelo grego. Segundo Cristovam Buarque 1,
A Universidade surgiu como contemporânea de uma transição no momento em que a Europa dos dobmas e do feudalismo iniciava seu rumo ao renascimento do conhecimento e à racionalidade científica, do feudalismo ao capitalismo. Redescobrindo nos conventos, por obra de judeus e muçulmanos, o conhecimento da filosofia clássica dos gregos, a universidade foi instrumento da criação do novo saber que serviria ao novo mundo, que surgiu entre o fim do feudalismo dogmático e a consolidação do liberalismo capitalista.
De certa forma, a universidade  retomava a experiência das "academias" platônicas da Grécia clássica quando, a partir do século VI a. C., o pensamento começou a fazer uma trasição do pensamento mítico para a racionalidade.
 A partir desse modelo, a primeira função da universidade foi a pesquisa científica, sobre qualquer área do conhecimento humano, seja de ciências exatas, biológicas ou humanas.
Como a pesquisa requer pessoas que trabalhem continuamente a partir de um projeto, esta função primordial juntou-se a do ensino, como as duas pilastras do conhecimento nos últimos séculos. Além dessas duas funções, a universidade também tem a de extensão, que trata do intercâmbio dos conhecimentos com outras instituições sociais.
Em linhas muito gerais:  a função da pesquisa é desenvolver o conhecimento (ciência); a função do ensino é transmitir o conhecimento; a função da extensão é trocar conhecimento.
No entanto, na maioria das universidades brasileiras, a pesquisa - que deveria ser primordial - tem sido cada vez mais deixada de lado, premida pelas necessidades de ensino que deixa a desejar nos níveis fundamental e médio. Assim, a universidade deixa de ser onde o conhecimento se desenvolve para ser um mero local (presencial ou virtual) de transmissão de conhecimento.
Ao iniciar um projeto de pesquisa ou um trabalho acadêmico científico, o estudante deve ter em mente que não se trata de uma disciplina como muitas outras, em que o conhecimento é simplesmente transmitido, mas trata-se de um momento em particular, no qual ele terá o privilégio de tentar desenvolver conhecimento. Portanto, cabe a ele a iniciativa de pesquisar, enquanto cabe ao professor a tarefa de orientar. O orientador não deve ser visto, assim, como um transmissor de conhecimentos, mas como um guia que leva o aluno a descobrir o quê, como e de que forma deve-se pesquisar para desenvolver o conhecimento.


1.BUARQUE, Cristovam. A aventura da universidade. São Paulo: Editora da UNESP; Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994. p. 19

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